Treinar por anos, enfrentar a pressão de um lançamento de foguete, suportar a vida confinada em uma cápsula minúscula e lidar com os efeitos extremos da radiação e da microgravidade: ser astronauta é um desafio em todos os sentidos. Agora, imagine chegar ao seu destino final — Marte — e comemorar com um sanduíche recheado de… grilos.
Por mais estranho (e pouco apetitoso) que pareça, essa é uma das propostas mais realistas para o futuro da alimentação fora da Terra. Pesquisadores da Universidade do Sul da Austrália e da Universidade Espacial Internacional, na França, afirmam que os insetos, especialmente os grilos, são a melhor alternativa para alimentar astronautas em missões longas e distantes, como as planejadas para Marte.
Ricos em proteínas, fáceis de criar em espaços reduzidos, com baixo consumo de água e emissão mínima de gases poluentes, os grilos representam uma solução prática, sustentável e nutritiva. Além disso, seu cultivo pode ser adaptado às condições de ambientes fechados, como módulos espaciais, oferecendo autonomia alimentar aos exploradores do espaço.
Enquanto o transporte de alimentos desidratados continua sendo uma opção, ele tem limitações sérias: ocupa muito espaço, pesa bastante e depende de reabastecimento contínuo — algo inviável em uma missão de vários anos a milhões de quilômetros da Terra. Produzir comida no próprio habitat marciano, portanto, se torna uma questão de sobrevivência, e os insetos se destacam como candidatos ideais.
Apesar do preconceito cultural, os grilos já fazem parte da alimentação de bilhões de pessoas em várias partes do mundo. Na Tailândia, por exemplo, eles são vendidos em feiras e mercados como petiscos populares. A expectativa é que, com o tempo e o avanço da bioengenharia alimentar, o sabor e a textura dos alimentos à base de insetos possam ser adaptados para agradar até os paladares mais exigentes — até mesmo os de futuros colonizadores marcianos.
No fim das contas, o futuro da colonização espacial pode mesmo incluir uma dieta à base de insetos. Pode parecer pouco glamouroso, mas é um preço pequeno a pagar pela sobrevivência humana além do planeta Terra.

Por mais estranho (e pouco apetitoso) que pareça, essa é uma das propostas mais realistas para o futuro da alimentação fora da Terra.